sexta-feira, 25 de março de 2011

Giardíase

A giardíase é uma doença parasitária causada pelo protozoário flagelado Giardia Lamblia ou Giardia intestinalis. Segundo Rey (2001), este parasita tem, no intestino delgado humano (duodeno e jejuno, este último em menor proporção), um habitat propício à sua sobrevivência e reprodução, pois, no duodeno, os parasitas encontram uma temperatura em torno de 37ºC, um pH entre 6,68 e 7,02 e alimento em abundância. "Eles podem penetrar nos túbulos secretores da mucosa e são encontrados algumas vezes na vesícula e drenagens biliares" (Markell; John; Krotoski, 2003, p.53). Nessas circunstâncias, a Giardia adere mecanicamente à mucosa duodenal através de uma característica morfológica intrínseca, o disco suctorial, presente em 2/3 da sua superfície ventral (Rey, 2001), além disso, lectinas, produzidas pelo próprio parasita e ativada pelas secreções duodenais, podem facilitar a adesão química (Markell et. al., 2003). Porém, quando o ambiente torna-se desfavorável, a Giardia diminui seu metabolismo a taxas mínimas necessárias à sobrevivência e, após dividir seus dois núcleos, se transforma em cisto, forma infectante, que sai nas fezes formadas.
De acordo com experimentos relatados por Rey (2001), a infecção e desenvolvimento da doença ocorre, na maior parte das vezes, a partir da ingestão de mais de 100 cistos. Na maioria dos casos de giardíase, a infecção é assintomática, contudo, em casos sintomáticos, a Giardia chega a forrar a mucosa duodenal e de outras áreas, provocando alterações estruturais nas vilosidades intestinais. Em conseqüência disso, pode haver perturbações na absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis (vitamina A), vitaminas hidrossolúveis (vitamina B12), além de deficiências de ácido fólico, glicose, lactose e D-xilose. Com a má-absorção de nutrientes essenciais, o indivíduo chega a apresentar o quadro de desnutrição e perda de peso. Não obstante, "O elevado teor de gordura que permanece na luz intestinal causaria então uma síndrome diarréica persistente" (Rey, 2001, p.247), por isso, o quadro diarréico com esteatorréia seria a manifestação clínica mais constante, ora é aguda e autolimitada, ora intermitente, ou crônica persistente. As fezes pastosas ou liquefeitas têm a presença dos trofozoítos, formas vegetativas, são malcheirosas e geralmente claras ou acinzentadas. Freqüentemente, elas contém muco, mas raramente sangue ou pus.
O consumo de água poluída com dejetos humanos é a forma de contaminação mais freqüente, outras formas são: ingestão de alimentos contaminados com matéria fecal, mãos sujas de indivíduos infectados que prestam serviços pessoais e entre relações sexuais do tipo oral-anal. Medidas profiláticas - ferver e filtrar a água para o consumo, já que a concentração de cloro utilizada habitualmente para o tratamento de água não é suficiente para destruir os cistos de Giardia; educação higiênica e sanitária efetiva em localidades com precárias condições de saneamento de água e esgoto, principalmente com crianças com até 12 anos de idade, que são os principais alvos da giardíase; e ter um controle das pessoas contaminadas e que não apresentam os sintomas da doença, elas são um vetor em potencial da patologia.
A giardíase é uma patologia que ocorre em todo o mundo, principalmente em localidades com condições sanitárias precárias e acomete pessoas de todas as idades, mas em geral, crianças com péssimos hábitos higiênicos e pessoas de níveis sócio-econômicos menos favorecidos. O tratamento é feito com medicamentos derivados de nitroimidazóicos como o metronidazol e o tinidazol.


REFERÊNCIAS
MARKELL; JOHN; KROTOSKI. Markell & Voge. Parasitologia Médica. Ed. Guanabara Koogan, 8a ed, 2003.
REY, L. Parasitologia. Ed. Guanabara Koogan, 3a ed, 2001.

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